Ela era meio
gordinha, tinha cerca de 1,40m e usava um vestido rosa bem espalhafatoso.
Segurava um pedaço de madeira nas mãos, estranhamente compatível com os galhos
da árvore mais próxima, mas relevei.
A figura chegou
perto e veio dizendo que era minha fada madrinha. Daí fui me afastando, peguei
o celular que estava no meu bolso e comecei a tocar as teclas sem muito
sentido, tentando fazê-la desistir. Falhei.
Ela continuou a
falar ao meu lado, então sem muita escolha, resolvi prestar atenção.
Ela estava fazendo
uma previsão: disse que naquele dia eu iria receber uma ligação inesperada de
uma pessoa que já conhecia e que iria me convidar para sair.
Ela afirmava que
era uma pessoa especial e que passaria a vida toda ao lado dela, que seríamos
muito felizes e que teríamos uma relação de companherismo ideal. Sem cobranças,
ciúmes ou intrigas.
Fiquei perplexa.
Será que ela estava falando a verdade? E a baboseira, na qual sempre fui cética
sobre, era real no final das contas?
Até que meu ônibus
chegou. Me despedi da senhorinha com um aceno e entrei pela porta da frente.
Quando olhei para trás ela não estava mais lá.
No meio do caminho
meu celular tocou. Era um carinha que havia pego meu número há alguns anos, mas
nunca havia me ligado antes.
Atendi o sujeito
dizendo “alô” e em resposta ouvi um “qual é, gatinha”.
Resolvi ignorar e
dar uma chance a ele. Não ia mais me deter a pequenos detalhes incomodos.
Continuamos
conversando e ele me chamou para sair. Aceitei.
Combinamos dele me
pegar em casa às 20h. Até lá fiz as unhas, comprei uma roupa nova, fiz
hidratação e no horário estava pronta.
O problema é que já
eram 21:30h e ele ainda não havia dado sinal de vida. Então liguei para saber o
que tinha acontecido.
Ele disse que
pegara no sono e que seus créditos haviam acabado e que, por isso, não
conseguiu me ligar. Mas que já estava saindo de casa e me pediu para descer em
5 minutos. Meio contrariada, fiz o que ele disse.
Passaram-se 5, 10,
15 minutos e nada dele. Quando deu 30 minutos fiquei irritada. Nesse momento
ele apareceu.
Seus cabelos
despenteados e camisa amarrotada. Regata para ser mais exata. Me abraçou e pude
sentir o cheiro forte da colônia que ele estava usando. Espirrei.
Quando ele disse
“vamos”, ao mesmo tempo meu celular tocou. Era uma grande amiga que estava
passando por perto e queria reunir as meninas para sentar, tomar um chope e
falar besteira.
Na mesma hora disse
“claro, me espera aí que já encontro você”.
O rapaz ficou
confuso. Perguntou o que estava acontecendo, então eu disse que ele tinha
demorado tanto que coincidiu justamente com o encontro que eu tinha em seguida.
Deixei ele sozinho
confuso, acenei e saí para encontrar as meninas.
Por fim, não é que
a senhorinha estava certa? Recebi uma ligação de alguém que levaria para a vida
inteira. Que me chamou para sair com outras pessoas também companheiras, que
não tinham ciúmes, não faziam intrigas e nem cobranças. E era exatamente com
elas que queria estar naquele momento.
Desde então, eu
acredito em contos de fadas.
Comentários
Depois que a fada madrinha foi embora você conferiu se sua carteira ainda estava contigo?
Existem boatos de que uma pessoa com a exata descrição dada por você está batendo carteiras pelo Rio de Janeiro.
Cuidado, possíveis fadas madrinhas podem ser perigosas...