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Mostrando postagens de 2012

Meu herói usa gravata

Quantas vezes você me salvou. De não cair da bicicleta, de colégios de freira, de ter um mau gosto musical. Quantas vezes você me pegou no colo quando o choro aumentava, quando eu me machucava, quando precisava trocar a fralda. Quantas vezes você torceu por mim nas olimpíadas do colégio, na escolha da carreira, no primeiro emprego e até quando me defendi daquele menino gordinho e maior do que eu na piscina do clube. Admiro seus poderes de ativar a super paciência, desintegrar o cansaço pra andar no shopping e fazer mercado, dos seus dedos multiplicadores de dígitos na conta bancária. Na minha, pelo menos. Também admiro seu super conhecimento sobre todos os assuntos, seu super gosto musical e seu super pão com ovo de manhã. E suas ferramentas? Dezenas de utensílios ultra secretos.   Até hoje não sei para que serve aquele scanner de cartão e nem aquela mesa cheia de botão que ficam no seu Bat-escritório. Vovó falou uma vez de quando você era pequeno e fazia de conta qu

Coração verde e amarelo

Não faz muito tempo que eu via as pessoas pintarem os rostos de verde e amarelo, torcerem com fervor e se emocionarem ao ouvir do Ipiranga às margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante. Temo pela nostalgia a frente da saudade e em me tornar mais uma daquelas pessoas que dizem aos sete ventos que no meu tempo era melhor, como se esse espirituoso apego a pátria fosse ficar pra trás com o passado. Não quero perder a esperança. Quero reunir de novo a família e os amigos num caloroso domingo a tarde e ver todos de rostos pintados, vibrando, torcendo e até sofrendo. Sim, sofrendo. Sofrendo a cada ponto e cada jogo perdido, cada medalha inalcançada e cada falha do juiz, colocando ou não a mãe dele na história, pensando em como isso aconteceu e que o nosso time era melhor. Aliás, o maior de meus medos é de que todos paremos de sofrer. Será o fim do último suspiro de esperança. É o desapego tomando conta do que antes chamava-se admiração. Por isso, meu apelo não é pa

Pátria Amada, Brazil.

– Olá. Bem vindo ao Brazil. Posso anotar o seu pedido? – Eu vou querer sustentabilidade, por favor. – Com ou sem hipocrisia? – Com. Pode Caprichar. Sexta eu estava indo para o trabalho quando me deparei com uma cena incomum: um helicóptero sobrevoava baixo e quem estava dentro portava armas enormes e as apontava para fora. Gelei. Apertei o passo. Talvez algum maníaco estivesse a solta. Vai saber. Logo em seguida, para piorar, passaram motos com policiais também armados. Muitas motos, cerca de 15. Pensei que era muito azarada. Quem mandara me atrasar? Se tivesse saído mais cedo, mas agora um maníaco estava próximo. Muito próximo. De repente, vários carros de polícia passaram, todos igualmente armados, com fuzis para fora da janela. Vinham seguidos de carros pretos intercalados aos carros azuis e brancos e de outras motos da polícia que chegavam. Quando pensei que tudo havia acabado, que eles já tinham seguido o percurso, pude então respirar mais leve e andar

Eu mudei...

Sim, e agora é pra valer. Estou decidida. Nada de pensar no passado, nas escolhas erradas, no arrependimento. Agora sei bem o que eu quero e não vou mudar. Sei que já disse isso antes, mas agora é diferente. Tá, já disse isso antes também, mas agora é sério mesmo. Não me olha com essa cara. Eu sei que você nem me conhece, que não sabe o quão decidida eu sou. Mas pode confiar. Não vou mais mudar de ideia. Vamo lá, eu vou querer três esfihas de carne, duas de queijo, um croquete e uma coca media.  Pra viagem, por favor.

Conto de Fadas

Ela era meio gordinha, tinha cerca de 1,40m e usava um vestido rosa bem espalhafatoso. Segurava um pedaço de madeira nas mãos, estranhamente compatível com os galhos da árvore mais próxima, mas relevei. A figura chegou perto e veio dizendo que era minha fada madrinha. Daí fui me afastando, peguei o celular que estava no meu bolso e comecei a tocar as teclas sem muito sentido, tentando fazê-la desistir. Falhei. Ela continuou a falar ao meu lado, então sem muita escolha, resolvi prestar atenção. Ela estava fazendo uma previsão: disse que naquele dia eu iria receber uma ligação inesperada de uma pessoa que já conhecia e que iria me convidar para sair. Ela afirmava que era uma pessoa especial e que passaria a vida toda ao lado dela, que seríamos muito felizes e que teríamos uma relação de companherismo ideal. Sem cobranças, ciúmes ou intrigas. Fiquei perplexa. Será que ela estava falando a verdade? E a baboseira, na qual sempre fui cética sobre, era real no final das conta