Pular para o conteúdo principal

Sobre pessoas-livros...

Para mim pessoas que acabamos de conhecer são como livros que acabamos de comprar.
A capa nos dá a primeira impressão: Julgamos se o conteúdo é ou não interessante. Então nos permitimos conhecer seu interior. Página por página é uma novidade, nos surpreendemos.
Nem sempre o que descobrimos tem muito a ver com que imaginamos ao julgar o livro pela capa.
Continuamos a leitura, nossa curiosidade é insaciável, temos sede de saber.
Quando nos damos conta, já se passara um capítulo. Tantas descobertas, tantas novas informações. Mas nós sempre queremos mais, então continuamos. capítulo 2,3,4...capítulo 10,11,12...
Com a vista cansada, paramos um pouco, deixamos o livro por um momento de lado. Ele já não se encontra mais no mesmo estado que fora comprado. Algumas orelhas começam a aparecer, em páginas que insistimos em marcar para reler, ou simplesmente porque as julgamos importantes. Em uma das páginas deixamos derramar água, algumas palavras foram borradas, não deixando muito claro o que antes estava escrito.
Decidimos dar um tempo para si. Mais tarde retornamos, com a vista descansada e uma vontade enorme de saber mais.
Às vezes nos decepcionamos com o que lemos, às vezes tomamos como nossa a felicidade do personagem, ou a angústia, a tristeza. Às vezes adivinhamos o que vem pela frente, e é frustrante a impotência de ser apenas um leitor, não podemos fazer nada para interferir no percurso na história. Ela é o que é. Não mudará porque é de nossa vontade.
Chegamos ao fim. Pode ser que o livro não tenha sido o esperado, talvez tenha sido indiferente ou tenha nos feito querer ler mais e mais.
Assim são as pessoas, são cheias de histórias que vamos descobrindo ao longo do tempo. No meio do caminho às vezes nos distanciamos por algum motivo, e talvez não nos encontremos mais. Se sim, nos permitimos descobrir cada vez mais.
No fim, não sabemos tudo, mas sabemos muito sobre elas.
As pessoas podem nos causar enorme surpresa, ou passar sem grande impressão. Talvez elas nos deixem com más lembranças, ou as melhores de todas.
Mas aquelas que realmente fazem diferença nas nossas vidas são como livros que nunca cansamos de ler, independente da beleza da capa ou da identificação com o conteúdo. Grandes amigos são como bons livros que estão sempre na estante. Podem se passar anos, mas estão sempre lá para fazer a diferença quando quiser ou precisar.

Comentários

Monique Mansur disse…
amigaaa, adorei !! e super concordo com você, assim como os personagens de livros, as pessoas podem tanto nos surpreender quanto passar batido em nossas vidas . continue escrevendo :)
beeeijo
Anônimo disse…
Digo mais: as pessoas podem, também, ser como filmes. Quem nunca entrou na vida de alguém de um jeito e saiu de outro completamente diferente? Viveu a apresentação, o desenvolvimento, o clímax e, de uma forma ou de outra o fim? Parabéns, análise perfeita!

Postagens mais visitadas deste blog

Pai, temos um problema

Pai, precisamos tratar de um assunto muito sério. Eu sei que você nem imagina o que seja. Por você ser assim, sempre tão dedicado, nem passa pela sua cabeça tal acusação. Mas pai, isso tem que mudar. No começo achamos que era normal, que era o cansaço, o trabalho, o estresse. Mas pai, isso tem acontecido demais, e com tal frequência que até nossos vizinhos andam nos evitando. Outro dia Dona Arlete, do 704, passou por mim e fechou a cara. Dr. Wilson, do 501, anteontem fez a mesma. E o cachorro dele ainda tentou me morder. Até Seu Zé, o porteiro, que antes era só sorrisos, hoje não nos abre nem a porta pra passar. Tive que fazer uma cópia da chave da portaria, pois já me atrasei para o trabalho vezes demais. E até meu chefe veio se demeter na história. Estamos todos aflitos. Não conseguimos dormir várias noites. Seu problema invade nossas mentes. Invade nossos sonhos. E não conseguimos pensar em mais nada, senão nisso. É complicado, mas você precisava saber. Já esperamos tem...

Um dia qualquer...

Acordei atrasada porque o despertador não tocou. Levantei rápido e bati com o joelho na quina da cama. Com dificuldade de andar fui tomar banho e só tinha água gelada. Confundi o shampoo com óleo de amêndoa. Minha pasta de dente tinha acabado. Botei a blusa do avesso com a etiqueta aparecendo. Saí de casa e tava chovendo. O ônibus ja tava passando e sai correndo. Perdi o ônibus e tomei um banho do taxista. Peguei engarrafamento na Ayrton Senna, na Avenida das Américas, no Jardim Botânico, na Voluntários e na Praia do Flamengo. Não tinha vaga na rua, paguei 50 reais pra estacionar. Cheguei no trabalho, esqueci o crachá da entrada. Tava com fome, mas tinha reunião na hora do almoço. Derramei café na camisa do chefe. Depois do trabalho voltei pra casa e descobri que me tranquei do lado de fora. Chamei o chaveiro e tive que esperar. Bati na casa do vizinho. Ele tava com os amigos jogando War e me chamou pra entrar. Comecei a ganhar, mas o vizinho ficou puto e espalhou as peças do tabu...

Sobre infância e a simplicidade das coisas...

Q uando eu era pequena dizia pra minha mãe que, quando eu crescesse, queria ser "aquelas moças que andam de patins no mercado". Toda vez que meu pai levava eu e minha irmã para tirar sangue, a gente perguntava: pai, vai doer? Ele falava: minha filha, não vou mentir pra você, vai doer, mas é rapidinho, e logo depois levo vocês pra tomar sorvete. Eu e minha irmã deixavamos umas lagrimazinhas correrem bem tímidas e sem gritar... mas assim que a enfermeira tirava a agulha era automático: "pronto pai, agora vamos tomar sorvete?" Quando a gente é criança a gente fica tão feliz com tão pouquinho né? Quem dera que nós crescessemos e continuasse sendo assim, um sorvete compensasse qualquer dor. O mais incrível em ser criança é não ter que ter responsabilidades, não conhecer a maldade, não saber que existem no mundo pessoas cruéis, não como os vilões dos desenhos que são obviamente ruins, mas pessoas aparentemente bem intencionadas, só que sabem enganar, ment...