Acordei atrasada porque o despertador não tocou. Levantei
rápido e bati com o joelho na quina da cama. Com dificuldade de andar fui tomar
banho e só tinha água gelada. Confundi o shampoo com óleo de amêndoa. Minha
pasta de dente tinha acabado. Botei a blusa do avesso com a etiqueta
aparecendo. Saí de casa e tava chovendo. O ônibus ja tava passando e sai
correndo. Perdi o ônibus e tomei um banho do taxista. Peguei engarrafamento na
Ayrton Senna, na Avenida das Américas, no Jardim Botânico, na Voluntários e na
Praia do Flamengo. Não tinha vaga na rua, paguei 50 reais pra estacionar.
Cheguei no trabalho, esqueci o crachá da entrada. Tava com fome, mas tinha
reunião na hora do almoço. Derramei café na camisa do chefe. Depois do trabalho
voltei pra casa e descobri que me tranquei do lado de fora. Chamei o chaveiro e
tive que esperar. Bati na casa do vizinho. Ele tava com os amigos jogando War e me chamou pra entrar. Comecei a ganhar, mas o vizinho ficou puto e espalhou as peças do
tabuleiro. O chaveiro chegou de regata e me chamou de gatinha. Paguei rápido e
corri pra dentro de casa. Tropecei, levantei e fui até a cozinha jantar.
Descobri que só tinha biscoito cream crack, quiabo, jiló e mocotó. Cansada,
sentei no sofá. Tava puta da vida. Ainda não conseguia acreditar.
Que raiva daquele maluco que espalhou as peças do War quando eu ia ganhar.
Que raiva daquele maluco que espalhou as peças do War quando eu ia ganhar.
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